Hoje, data em que comemoramos o Dia mundial de Conscientização do Autismo, ficamos felizes em olhar ao nosso redor e ver tamanha movimentação  das pessoas em prol da causa. São inúmeras mensagens de apoio, de informações, de homenagens, não só aos autistas, mas que se estendem a todas as famílias que vivem essa realidade. Mas o que aprendemos e o que levamos de tudo isso? Será que as pessoas realmente estão preparadas para falar sobre isso?

Dias como o de hoje, nos fazem refletir sobre nossas próprias atitudes, sobre nosso comportamento diário e nos faz lembrar que a causa existe e está ali, ao nosso lado, o tempo inteiro.  Movimentações como as de hoje, são super válidas para nosso processo de inclusão da pessoa autista, de inclusão das famílias autistas. Mas o que seria essa inclusão que tanto se ouve falar e que tanto lutamos para conseguir? Fazer uma criança autista se sentir inserida e incluída em um determinado grupo é mesmo o melhor caminho? E se invertêssemos a questão? Se nossa luta fosse para que a sociedade típica se  sinta acolhida e incluída no mundo autista? Será se teríamos um resultado melhor?

Com uma prevalência de 1 para cada 44 crianças de até oito anos de idade, certamente não irá demorar para que cada um de nós tenhamos pelo menos um autista muito próximo. As salas de aulas estão cada vez mais cheias de crianças autistas e como isso é bom, e então nos faz imaginar que logo, crianças neurotípicas estarão tendo que se adaptar em salas de aula onde os autistas são maioria e logo, a inclusão pode ser reversa.

Mas não, não estamos preparados para isso. Não temos estrutura cultural para entender que a inclusão nada tem a ver com dinheiro, técnicas ou habilidades. Não estamos preparados para entender que a inclusão independe de treinamentos ou experiência profissional, até porque, se assim fosse, não teríamos como exemplos de inclusão as crianças. Por que essas sim, não enxergam a  diferença ate que sejam despertados, por nós adultos, para tal sentimento. A inclusão é o ato mais simples que um ser humano pode ter,  mas também o mais doloroso. Ninguém quer estar no lugar do outro e por isso, não conseguem entender as necessidades do outro.

Se formos ao dicionário buscar algo que possa descrever todo esse movimento que hoje embeleza as redes sociais, as escolas e trabalhos, que levam as pessoas as ruas, iremos nos deparar com a palavra EMPATIA, que nada mais é do que a capacidade de se identificar com outra pessoa, de sentir o que ela sente, de querer o que ela quer, de apreender do modo como ela apreende. E sim, isso é incluir!

Então porque não vivemos toda essa empatia de hoje, em todos os dias de nossas vidas? Não precisamos de toda essa movimentação ao longo do ano e também não precisaríamos dela hoje se fossemos capaz de diluir todo esse amor e essa empatia em todos os momentos.

Precisamos entender o outro, aceitar o outro como ele é, e nos propor a nos adaptar ao seu jeito. Fazemos isso em nosso casamento, com nossas amizades, em nosso trabalho, e porque não, nos adaptar àqueles que simplesmente tem uma forma diferente de ver o mundo, de pensar, de se relacionar? Incluir é aceitar e isso e só será possível quando formos capazes de nos colocar no lugar do outro!

Vamos continuar emanando mensagens de apoio e acolhimento, também , em nosso dia a dia. Vamos nos informar, vamos perguntar, vamos sentir… Pois, será somente sentindo que vamos entender. Hoje somos nós famílias e autistas que lutamos pela sua empatia, seu acolhimento, mas amanhã, pode ser você que bata em nossa porta.

Que esse 02 de abril, possa abrir as portas de vários corações e que possa levar a cada um, um pouquinho de amor e EMPATIA ao próximo, para que no próximo ano, tenhamos ainda mais o que comemorar!

Por Carla Simões – Vitoria da Conquista/BA

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