21 de novembro de 2024

As questões sobre mobilidade e acessibilidade urbana em nossa cidade são discutidas, cada vez mais, em diversos setores da sociedade. Em 2015, um levantamento realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em parceria com o Ministério da Saúde, constatava que 6,2% da população possuía algum tipo de deficiência no Brasil – considerando as deficiências auditiva, visual, física e intelectual, a partir da consulta realizada em 64 mil domicílios, em 2013.

Cada pessoa que compõe este número tem direito à acessibilidade e à mobilidade urbana, que se refletem em oportunidades de inclusão e cidadania, realização profissional, acesso à saúde e educação, e também à prática de esportes, atividades culturais e de lazer. Este direito é garantido pela legislação, por meio da Constituição Federal e da Lei nº 13.146/2015, o Estatuto da Pessoa com Deficiência, que contemplam as instruções para o acesso a edifícios e transportes de uso público, atendimento prioritário e a promoção de medidas que suprimam barreiras e obstáculos em vias e espaços públicos, entre outras.

Foto/Reprodução: WRI Brasil

No entanto, ainda há um caminho longo a ser percorrido para que as pessoas com deficiência (PcD) possam exercer o direito de ir e vir. Ronaldo Espíndola, muletante e usuário do transporte público de Curitiba, conta em entrevista que chegar a determinados pontos da cidade não é um grande desafio, mas a experiência de estar nestes lugares é prejudicada pelas condições do pavimento. Ronaldo, que adquiriu a deficiência ao contrair poliomielite aos 2 anos e meio de idade, destaca que o piso em petit pavé na Praça Rui Barbosa já foi responsável por alguns acidentes e escorregões.

Anderson Rodrigues dos Santos, atleta da seleção paraolímpica brasileira de vôlei sentado, adquiriu a deficiência física em acidente de trânsito e também destaca problemas quanto à mobilidade. Entre os maiores desafios já enfrentados, Anderson cita o processo de reabilitação, visto que é difícil mudar a rotina de um momento para o outro e ter pessoas disponíveis para auxiliá-lo em sua locomoção. Hoje, o atleta reforça que entende a dificuldade de instituições públicas e privadas para adaptar meios de transporte e locais de trabalho, mas que é preciso se preocupar com as particularidades de cada deficiência.

Apesar de terem adquirido a deficiência de formas diferentes, ambos concordam que é essencial tratar as pessoas sem distinção. Ronaldo conta que nunca teve tratamento diferenciado em sua família, apesar das limitações físicas. Anderson, por sua vez, diz que não se colocar em posição de vítima, mesmo com toda a mudança em sua vida depois do acidente, foi fundamental para a adaptação à prótese, a volta à rotina de trabalho e também à prática de esportes.

Em entrevista ao ITTI, Junior Ongaro, presidente da Associação de Deficientes Físicos do Paraná (ADFP), reforça que é necessária uma mudança de consciência em todos os setores que compõem nossa sociedade. Para Junior, os principais desafios se referem à arquitetura da cidade, que apesar de ser considerada de 1º mundo quando pensamos no Brasil, ainda tem muito a melhorar.

Situações como a falta de manutenção dos veículos de transporte público, por exemplo, ocasiona o mal funcionamento do ônibus adaptado e deixa muitas pessoas sem a possibilidade de acessar a cidade. Há também falta de concordância entre as leis, no âmbito nacional e municipal, no seu cumprimento e fiscalização para que a mobilidade e o acesso sejam efetivos.

No entanto, há um consenso entre os entrevistados: a solução para superar as questões de mobilidade e acessibilidade entre as pessoas com deficiência está no respeito, no conhecimento e na informação sobre a realidade desta parcela da população. “Muitos não se acham aptos ou a própria família cria obstáculos para que a pessoa com deficiência não seja reinserida na sociedade. Mas com respeito, conhecimento e informações corretas, elas podem fazer tudo, ainda que com certas limitações, e viver como qualquer pessoa”, reitera Junior Ongaro.

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O Instituto Tecnológico de Transportes e Infraestrutura está estruturando a área Cidades e Metrópoles, alinhada ao Projeto Curitiba 2035, para desenvolver soluções sustentáveis – social, econômica e ambientalmente – para Curitiba e Região Metropolitana. Segundo o Prof. Dr. Roberto Gregório da Silva Jr., superintendente do ITTI, é necessário dar maior atenção às pessoas com deficiência e, nesse sentido, destaca que as soluções de mobilidade, especialmente no transporte público, devem estar orientadas para propiciar maior acessibilidade, promovendo inclusão e cidadania para todos.

Matéria especial produzida por Karin Cristina da Silva, bolsista de Pós-Graduação em Comunicação no ITTI, com a colaboração da Companhia Paranaense de Energia (Copel), onde trabalham os entrevistados Ronaldo Espíndola e Anderson Rodrigues dos Santos, e da Associação de Deficientes Físicos do Paraná (ADFP).

Fonte: Itti

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