7 de dezembro de 2025
EMANOELE FREITAS - ARQUIVO PESSOAL - 5

TOD é um transtorno do Neurodesenvolvimento de diagnóstico independente, mas é frequentemente estudado em conjunto com o transtorno déficit de atenção e hiperatividade (TDA-H) ou com o transtorno de Conduta (TC).

A característica principal do TOD é estar incluído nos Transtornos Disruptivos, onde os sintomas principais é que a criança apresenta um padrão de comportamento negativo, desafiador, desobediente e hostil, todos com intensidade, frequência e duração acima do esperado para sua idade, e em alguns casos o descontrole emocional pode levar a agressividade e alguns episódios de violência verbal e física.

A prevalência de TOD em diagnóstico isolado hoje é de aproximadamente 6% a 16%, e a incidência como comorbidade secundária no TDAH é de 50%, no autismo esse número é de 29%.

O quadro é de maior incidência nos meninos para a primeira infância e segunda infância, e de incidência igualitária para meninas e meninos na adolescência.

Hormônios e Neurotransmissores

Pesquisas demonstraram que os níveis de andrógenos adrenais das pessoas com TOD são mais altos que os dos escritos como controle ou até mesmo de crianças com outros diagnósticos, incluindo o TDAH. Outra alteração encontrada é na frequência cardíaca que chegam a frequências muito altas após provocação e frustração, mesmo comparado a outras crianças na mesma situação.

Cognitivos, Emocionais e Ambientais

Fatores temperamentais relacionados a problemas de regulação emocional, como baixa tolerância à frustração, elevada reatividade emocional.

Ambientais: Práticas agressivas, inconsistentes ou negligentes de criação dos filhos são comuns em famílias de crianças e adolescentes com TOD.

Cognitivos; alterações na atenção e concentração, alterações no processo de desenvolvimento da linguagem aspectos pragmáticos.

Prognóstico

A causa do TOD é desconhecida ainda, mas pesquisadores identificaram diversas linhas de abordagem, um dos estudos mais atual sugeriu que a exposição pré-natal a álcool, nicotina, entre outros teratógenos aumentam as chances de a criança vir a ter o TOD, e muitos pais de crianças com TOD sofrem de transtornos emocionais, como transtornos de ansiedade e depressão.

Geralmente, os primeiros sintomas surgem durante os anos de pré-escola e, raramente, mais tarde, após o inicio da adolescência, é uma comorbidades de inicio e curso continuo. Com frequência o TOD precede o desenvolvimento do TC, mas em números mínimos, também pode preceder o transtorno de ansiedade e depressivo maior, e nos que possuem sua classificação dentro dos sintomas de humor raivoso/irritável respondem pela maior parte do de riscos para os transtornos emocionais.

Atualmente vem se buscando distinguir os dois subtipos e suas dimensões, que foram abordados por pesquisadores da Universidade de Calgaria (Canadá), onde relatam que há dois subtipos:

1 – Sintoma de Afeto Negativo (ODDNA) – Sensível, raivoso, rancoroso e ou vingativo.

2 – Sintoma Comportamento Oposição (ODDB) – Argumentador, desafiador, intolerante.

Geralmente os sintomas são classificados como birra, mas a questão é bem mais complexa.

Pais, atenção aos sintomas

  • Humor raivoso/irritável
  • Com frequência perde a calma.
  • Com frequência é sensível ou facilmente incomodado.
  • Com frequência é raivoso e ressentido.
  • Comportamento questionador/ desafiante
  • Frequentemente questiona figuras de autoridades ou, no caso de crianças e adolescentes, adultos.
  • Frequentemente desafia acintosamente ou se recusa a obedecer a regras ou pedidos de figuras de autoridade.
  • Frequentemente incomoda deliberadamente outras pessoas.
  • Frequentemente culpa outros por seus erros ou mau comportamento.

Os níveis

Leve: Os sintomas se limitam a apenas um ambiente (em casa, na escola, no trabalho, ou com os colegas).

Moderada: Alguns sintomas estão presentes em pelo menos dois ambientes.

Grave: Alguns sintomas estão presentes em três ou mais ambientes.

Como tratar

O Transtorno opositivo Desafiador quando isolado é tratado com terapia Psicológica especifica para modelação de comportamento, que é a Cognitiva Comportamental, e o Treinamento Parental em conjunto para que todos os procedimentos que são utilizados nas terapias sejam reforçados em casa. O TOD não tem uma cura específica, e sim uma redução significativa dos sintomas, chegando a possibilidade de auto regulação por parte da criança/jovem.

Quando a criança apresenta o TOD como uma comorbidades concomitante ao TDA-H se faz necessário a introdução de medicação para controlar os sintomas pertinentes ao TDA-H, e minimizar os efeitos coligados dos transtornos.

Como diferenciar

SintomasTDA-HTOD
Hostilidade com os pais+
Destrutividade+
Distração / Desatenção+
Dificuldade Escolar++– ou +
Sentimento de culpa+
Comportamento antissocial na família– ou +

O que é treinamento parental

O treinamento parental é a base para compreender o que realmente acontece com a pessoa com TOD, como eles se sentem, reagem e interpretam do seu entorno. O treinamento consiste em preparar os pais e responsáveis para intervir de forma eficaz, com controle da situação. O primeiro passo é reconhecer os sintomas do TOD, saber quando é uma birra (porque toda criança faz birra) e quando é uma crise. Diferenciar facilita muito o segundo passo, que é saber qual a atitude a ser tomada.

Como a família e a escola devem proceder com a criança/jovem com TOD

Em um primeiro momento pode parecer bem difícil lidar com os comportamentos e sintomas do TOD, principalmente quando se inicia as atividades escolares, mas se todos se prepararem, existem várias possibilidades de se alcançar êxito.

Compreender o comportamento

            1 – Identifique os sintomas do TOD

            2 – Converse sempre com a criança sobre suas reações.

            3 – Reconheça a necessidade de manter o controle.

            4 – Inicie a ensinar formas positivas de lidar com a frustração.

Ajustar e iniciar as técnicas parentais.

            1 – Aprenda a se comunicar de forma clara e eficiente.

            2 – Não reaja de maneira raivosa.

            3 – Não culpe a criança/jovem ou o veja como um problema na sua vida.

            4 – Assuma a responsabilidade pelos seus próprios sentimentos e atitudes, torne-se um exemplo.

            5 – Seja consistente, não é não, regras e limites devem ser claras e obedecer ao único comportamento aceitável.

            6 – Ajuste seus pensamentos, pois são eles que comandarão suas reações, substitua os negativos pelos positivos, veja que a criança/jovem precisa de ajuda e você é a referência.

            7 – Identifique os estressores tanto familiar como ambientais.

            8 – Ajude a identificar as emoções, tanto as suas como os da criança, não tente ser forte o tempo todo.

            9 – Deixe sempre claro a importância do respeito e dos limites.

            10 – Comece o tratamento o mais breve possível, estudos mostram que 67% das crianças com TOD se tornam assintomáticas no prazo de 3 anos caso iniciem o tratamento correto.

            11 – Trate outros problemas de saúde mental, investigue se há outras comorbidades além do TOD.

            12 – Participe de palestras, programas e atividades de treinamento

            13 – Entre em grupos de apoio.

            14 – Caso seja necessário não relute em iniciar tratamento farmacológico.

Tratamento farmacológico

O tratamento farmacológico entra em associação ao tratamento terapêutico como forma de reduzir, tornar o tratamento eficaz e seguro, nesse ponto de vista reduzir e ou eliminar os sintomas de agressão e outros comportamentos disruptivos é de extrema importância.

Ainda não há estudos que comprovem efetivamente a eficácia real dos fármacos, mas sim a redução dos sintomas, levando em consideração cada caso, analisando os efeitos adversos, alterando as dosagens e monitorando o processo, pode-se chegar ao fármaco mais propício.

Os sintomas do TOD, em sua grande maioria, não são reduzidos somente com a terapia e o treinamento parental. É necessário o tratamento farmacológico em conjunto para que se alcance os resultados esperados.

Emanoele Freitas, Neurocientista especializada em Transtornos do Neurodesenvolvimento e Psicopatologia. Entre os livros lançados está “Transtorno Opositivo Desafiador TOD – Sintomas, avaliação e diagnóstico” – Wak Editora

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